quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Agraciando as horas. (parte I)


A fumaça do incenso baila no ar 
O cheiro dele emana tranquilidade 
O jazz de fundo saído da estonteante voz de Amy 
Me traz um conforto quase que inenarrável 
De estar em paz e bem comigo mesma...


Satisfazendo um imenso desejo de ler Gabriel García Marquéz, em ”Memória de Minhas Putas Tristes”, leitura esta a qual não estava incluída nos planos de 2013, mas que me tentou fortemente quando fui à biblioteca da Universidade, em janeiro deste ano. (ora! Sabemos que desejo não tem hora marcada para bater em nossa porta).
 Sempre, entre uma pausa e outra deste livro que falava sobre a experiência de um colombiano de estar com 90 anos, pensava na vida. Relembrei de tudo o que vivi até aqui, com apenas duas décadas nas costas. E suspirei profundo, quase soberba e disse “Já vivi tanta coisa, já chorei, ri, amei...” E nesse meio tempo, nesse piscar de olhos, nessa ferrenha dura e pesada mão do tempo, mudei profundamente. E foi uma dura e difícil mudança, contudo, necessária. Avalio-me.
Acendo outro incenso, agora me vendo e estando só, somente só, a não ser pela presença do vento escandaloso o qual precede as chuvas da deliciosa Cidade das Mangueiras, varrendo o quarto. Tirando pesos e medidas, acomodei calmamente as coisas na balança, como boa libriana que sou. Quero viver tantas coisas, tantos amores e maravilhas...
Ainda não terminei a leitura de García Marquéz, mas o incenso ainda incendeia com seu perfume e o vento ainda circula por aqui e ele deixa a porta do quarto, que antes estava fechada, entreaberta. E eu olho para o lado de fora sem tantos medos como ontem, porém com os olhos arregalados e atenciosos, querendo que se abra mais. Ela não vai ser mexer se eu não me mexer. O que me espera atrás dela é o futuro, e ela vai se abrir...
Belém, 16 de janeiro de 2013.
Stephanie Vieira Brito.