segunda-feira, 2 de abril de 2012


SANGUE DE OUTROS
Leio os poemas dos mortos
eu que estou viva
eu que vivi para rir e chorar
e gritar pátria Livre ou Morrer
em cima de um caminhão
no dia em que chegamos a Manágua.
Leio os poemas dos mortos,
vejo as formigas sobre a grama,
meus pés descalços,
teu cabelo liso,
costas curvadas numa reunião.
Leio os poemas dos mortos
e sinto que este sangue com o qual nos amamos
não nos pertence.
(Gioconda Belli)

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