sábado, 23 de junho de 2012

Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças

Tantos desejos gastos na saliva dos nossos beijos, que depois da tua prematura partida ganharam um espaço grande na memória e no coração. Lembro-me daquela fuga, e nós, feito dois amantes, sentíamos um frio, daqueles que só sentimos diante de tamanha adrenalina. Lembro-me dos nossos abraços e guardo desses longos momentos, dos corpos unidos, a segurança da alma. Lembro também da noite em que te fostes deixando um demorado abraço e um acenar de como quem diz "Até mais, minha Flor". Lembro-me de tantas coisas. Nesses dias calmos e corações aos tropeços eu me permito recordar de tudo que ficou.

Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade


(Stephanie Vieira Brito 23.06.12- nas madrugadas de Belém)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ah, menina, como me fascinas. Esses teus sorrisos largos, me ilumina. Esse olhar apaixonado me domina. Esse corpo voluptuoso, que arrisca de um jeito embaraçoso, a arte do que é belo e prazeroso. Ah, menina, sou menino teu, sou céu quando esse é mar adentro de um bonito encantamento, sou fel quando a voz ferina me domina. Ah, menina, o desenrolar dessas certezas, me descrevem com presteza, a medida dessas impurezas costuram histórias do mar que beijou a lua de forma tão doce e pura, que quem estava lá a beira mar, a contemplar esse luar, se encantou e tratou logo e imitar, a lua que beijava o mar, o mar que beijava a lua, uma poesia nua e crua.

 (Stephanie Vieira Brito-09/06/12)

domingo, 17 de junho de 2012

Um texto de Ana Jácomo.

De repente, um silêncio tão bem dito que não entendi mais nada. Ao contrário de outros, alguns silêncios apagam a luz.

Bendita seja a claridade das palavras também quando permitem que dúvidas sejam dissolvidas. Que equívocos não sejam alimentados. Que distâncias não cresçam. Que a confiança prevaleça. Que o afeto não se torne encabulado.
Bendita seja a claridade das palavras também quando ficamos no escuro da incompreensão, tateando as paredes deste cômodo pouco ventilado à procura de um interruptor qualquer que acenda o nosso entendimento.

Bendita seja a claridade das palavras também quando aproximam, em vez de afastar. Quando nos possibilitam o conforto da verdade, mesmo que ela desconforte. Quando simplesmente queremos saber o que está acontecendo com as pessoas que amamos simplesmente porque amamos.

Bendita seja a claridade das palavras quando ditas com o coração. Ele sabe como acender a luz.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

"Te escribo desde los centros de mi propia existencia
Donde nacen las ansias, la infinita esencia
Hay cosas muy tuyas que yo no comprendo
Y hay cosas tan mias, pero es que yo no las veo
Supongo que pienso que yo no las tengo
No entiendo mi vida, se encienden los versos
Que a oscuras te puedo, lo siento no acierto
No enciendas las luces que tengo desnudos,
El alma y el cuerpo"

domingo, 10 de junho de 2012

O dia em que olhar virou canção.
O dia em que teus lábios tocaram os meus.
O dia em que teus braços se cruzaram em minhas costas.
O dia em que a poesia se fez do silêncio...


(Stephanie Vieira Brito- 10/06/12)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Ana Rosa Kucinski.

 (Desaparecida política em 22 de Abril de 1974. Militou pela ALN)

     "Quando, às vezes, fazendo concessões ao sofrimento e tocando em feridas que sangrarão para sempre, me transporto aos anos de 1960-67, vejo-me na casa de Ana Rosa ouvindo e fazendo confidências ao som de uma música clássica. Então, ao lado da amiga-irmã, vivo momentos de intensa poesia. Não que Ana escrevesse versos; sua maneira de ser era um poema.
                Lembro-me que o curso que fazíamos exigia de cada um de nós dedicação exclusiva, mas Ana sempre forçou e deixou um espaço para cultivar a música, a literatura e os humanistas. Foi das poucas pessoas que jamais se deixou seduzir pela vida cômoda que poderia ter usufruindo com um diploma de química, que nos proporcionava amplo mercado de trabalho. Ana Rosa era das poucas pessoas que carregava o peso do mundo. Por isso buscava, ansiosamente, o Amor e a Justiça.
                Na busca do Amor tantas vezes caiu e tantas vezes levantou, sem que jamais lhe ocorresse curvar-se perante amor pequeno, porém mais cômodo.
                Na busca da Justiça desconheço os caminhos que possa ter trilhado, mas imagino que foram profundamente penosos.
                Cada vez que recebo informações sobre o sofrimento daqueles que foram vítimas dos nossos Órgãos de Segurança lembro-me dela e consigo vê-la portando-se com grande dignidade, porque jamais teve medo da morte e do sofrimento.
                Buscou e viveu com tal intensidade o Absoluto que quando partiu já era idosa. E se lhe fosse permitido voltar, ela recomeçaria tudo de novo, da mesma forma". (Ignez, colega de Ana Rosa)


#PelaMemóriaVerdadeeJustiça


a poesia é que me embala,
Nessas madrugadas desastrosas.


(stephanie Vieira Brito 06/06/12)

terça-feira, 5 de junho de 2012





Pés descalços 
Não tenha medo de pisar no chão
Andar pelas ruas ferinas na contramão
De sentir o calor ou frescor da terra


Não tenha medo de ocupar as ruas das cidades
De colorir cada muro com arte
De brincar de malabares


Pés, pés descalços nessa vida
Pés descalços nessa estrada


(Stephanie Vieira Brito 05/06/12)