domingo, 31 de julho de 2011

Nova Iorque 1930



VIDA COTIDIANA DA CRISE.

Com maus modos, às bofetadas, a crise desperta os norte-americanos. A catástrofe da Bolsa de Valores de Nova York rompeu o Grande Sonho, que prometia encher todos os bolsos de dinheiro, todos os céus de aviões, todas as terras de automóveis e arranha-céus.

Não há quem venda otimismo no mercado. A moda se entristece. Caras compridas, roupas compridas,cabelos compridos: acabaram-se os enlouquecidos anos vinte e com eles acabaram as pernas à vista  e o cabelo curto das mulheres.

Verticalmente desce o consumo de tudo. Só aumentam as vendas de cigarro, horóscopos e lâmpadas de vinte e cinco velas que dão luz mortiças mas gastam pouco. Hollywood prepara filmes sobre gigantescos monstros desatados, king kong, Frankestein, inexplicáveis como a economia, irrefreáveis como a crise, que semeiam o terror nas ruas das cidades.

(15 e 331- Memórias de fogo, E. Galeano) 

texto retirado do livro de Eduardo Galeano.
página 131.








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